Raymondo, padreador do Canil Reserva do Rei
Existe, no senso comum das pessoas, a idéia de que ao adquirir um Bulldog ele será quase uma peça decorativa da casa, uma estátua, que, além de exótica e engraçada, ainda ronca! Que não late, que não corre, que não pula, que não rói e, ainda, que adora passar o dia dormindo no sofá da sala…
Esta falsa idéia é, infelizmente, difundida pela parte “burra” da internet, na qual tudo se copia, e também por pretensos criadores que, no afã de vender seus filhotes, reforçam estas e outras falsas idéias sobre a raça, fazendo o quase sempre afoito comprador acreditar que está levando para casa um bibelô, um “cão de apartamento”, que passará tranquilamente o dia sozinho e ainda irá esperá-lo, à noite, com aquele rebolado de alegria comum a todos os Bulldogs.
Ledo engano…
Apesar de todas as anormalidades “normais” da raça, o Bulldog continua sendo, essencialmente, um cão de companhia. Porém, com alguns ítens de série que seus “colegas” de companhia não possuem: um temperamento forte, uma boa dose de teimosia, muita força e uma mandíbula poderosa…
Somadas as características da raça com a falsa idéia que o público em geral tem dela, temos todos os ingredientes necessários a um grande problema familiar, onde o culpado será sempre o cão…nesse caso, o Bulldog!
A primeira reação gerada por essa falta de informação sobre o Bulldog aparece na forma comportamental, aqui bem representada pelo seguinte relato: “eu saí de manhã e quando cheguei em casa à noite estava a maior bagunça, tudo destruído”.
Lição número 1: Quem não dispõe de um tempo mínimo para se dedicar ao seu animal de estimação, por favor não tenha um Bulldog, ou qualquer outro cão!
O Bulldog é um cão forte, dotado de uma mandíbula potente, e não pensará duas vezes antes de extravasar toda sua frustração diante do descaso e do abandono.
A segunda reação vem na vestimenta “problemas de saúde” e isso afeta principalmente a pele, situação ainda agravada pelo sistema imunológico em formação dos filhotes (até 12 meses), sendo comum a seguinte reclamação: “comprei um filhote e agora está cheio de problemas de pele, irei devolvê-lo e processar o criador”.
Lição número 2: Você não está adquirindo um eletrodoméstico (estes, mesmo com a garantia, apresentam defeitos), e sim um ser vivo, inteligente, que sente e que necessita da companhia humana e que, assim como nós, entra em depressão e tem problemas de saúde dela decorrentes!
Porém, somente a companhia não é suficiente e outros mitos são criados em torno da figura do Bulldog.
Exemplo: passeios relâmpago até a esquina…óbvio que, no auge do verão, com uma temperatura de 40º, não há opção, tendo que se pegar leve com as saídas.
O Bulldog é uma raça com grande apetite e, consequentemente, com enorme propensão à obesidade, principalmente depois de atingir a maturidade. Por isso, manter a regularidade dos passeios e da atividade física, sempre observando os limites de seu Bulldog, é de suma importância não apenas para manutenção do peso ideal como também para os músculos, articulações e saúde mental.
Mesmo com as restrições do calor, não há desculpa: saia pra passear no início da manhã ou à noite!
Disponibilizar uma ração Super Premium e o acesso ao sol são itens também básicos e da mesma forma indispensáveis à boa saúde do Bulldog e de qualquer outro cão.
Chegando à 3ª idade com saúde, o Bulldog até poderá adotar uma rotina mais pacata, de “roncos” profundos e demorados, mas nas fases de filhote, jovem e até mesmo adulto, um Bulldog saudável é um cão relativamente ativo e, apesar de ter um “tiro curto”, terá seus momentos de euforia e de pico de atividade física.
Por isso, pense bem antes de adquirir um cão e lembre-se que o Bulldog não é um brinquedo!
Gilberto Medeiros
Colaborador do Bullblog e Criador de Bulldogs desde 2003
Canil Reserva do Rei
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