Foto: Millennium Dog Show
Existem várias conformações para os rabinhos dos bulldogs. Alguns são curtos e não fazem curvas enquanto outros são bastante curvados se insinuando para dentro da região posterior do animal. Dependendo da forma da cauda, pode ser facilitado o desenvolvimento de fungos e bactérias no local. Quando temos um bull com a cauda reta, geralmente as infecções que ocorrem são pequenas, sendo facilmente resolvidas já que se tem acesso ao local e o mesmo não retém umidade com facilidade. Aqueles animais que têm o rabinho em forma de “s” e insinuados para dentro, geralmente são aqueles que apresentam mais problemas no local. Certamente isso não é uma regra, muitos apresentam rabinhos bastante insinuados, sem jamais apresentar nenhum tipo de infecção local.
Na rotina clinica, é comum verificarmos animais com infecções bacterianas com produção de secreção purulenta e mal cheirosa. A parte de dentro da cauda fica constantemente insinuada para dentro, não recebendo oxigênio do ambiente e retendo umidade. Algumas bactérias que são moradoras normais da pele (aquelas que coexistem no corpo sem causar maiores problemas), encontram um local propício para multiplicarem-se. Esse local é escuro, úmido e com substrato para seu desenvolvimento, assim começam este tipo de infecção. Evolui com inchaço do local, dor na região, vermelhidão, muitas vezes febre e também pode gerar inapetência e prostração do animal.
Sempre que for verificado os sintomas citados, indica-se a procura de atendimento veterinário. O veterinário irá avaliar a possibilidade de tratamento clínico, ou seja, se o problema poderá ser resolvido com antibióticos e demais medicações. Muitas vezes se consegue reduzir ou sanar o problema com medicamentos e cuidados locais, no entanto isso varia de acordo com a conformação da cauda e suscetibilidade do animal. Várias vezes verificamos uma reincidência muito grande de infecções na cauda que já foram tratadas, o problema reduz durante o tratamento e depois retorna tudo de novo. Estes casos requerem atenção e avaliação detalhadas, já que pode ser necessária uma cirurgia chamada caudectomia terapêutica. Esta cirurgia consiste na retirada da porção da cauda que está causando dano ao animal, sendo que é uma cirurgia que faz parte de um tratamento e não propriamente estética. Muitas vezes é necessária uma segunda cirurgia se o aspecto estético não for satisfatório aos proprietários. Em geral faz-se apenas um procedimento com bons resultados e após o crescimento dos pêlos da região pouco se nota de diferença.
Também verificamos muitas caudas que se insinuam causando compressão do reto, isso significa que a cauda comprime a porção final do intestino prejudicando a evacuação do animal. Nestes casos, independente da presença ou não de infecção local, é indicado o tratamento cirúrgico para a retirada da cauda e eliminar o risco de lesão ou ruptura do intestino. Estes animais apresentam dificuldade de defecar, ficando longo tempo fazendo força e muitas vezes as fezes têm a forma arredondada (como pequenas bolinhas).
A recuperação do tratamento cirúrgico exige alguns cuidados locais e os pontos são retirados em até duas semanas. O paciente recebe antibióticos, antiinflamatório e analgésico. É comum ocorrer deiscência (queda) de um ou dois pontos durante o processo, mas isso é considerado normal. Após a retirada dos pontos o animal segue sua vida normal com mais qualidade e conforto.
Dra. Viviane Dubal – CRMV/RS 8844
Formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e proprietária da Clinica Veterinária Saúde Animal em Porto Alegre. Contato: vivianesd@bol.com.br
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